A pesquisadora e técnica agrícola Teresa Yoshiko, do Viveiro Ninkasi, mais uma vez se destaca com pioneirismo, se tornando a primeira produtora a conquistar o credenciamento como certificador de mudas de lúpulo no Brasil.
Após um intenso trabalho de mais de um ano, o viveiro conseguiu obter junto ao Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) o Certificado de Credenciamento no Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem) – “Certificador de Produção Própria”.
As mudas certificadas são aquelas que atendem aos padrões de qualidade estabelecidos pela legislação de sementes e mudas. Elas também podem ser produzidas sob o controle de uma entidade certificadora credenciada pelo MAPA.
A certificação de semente e mudas, de caráter voluntário, é o processo executado mediante controle de qualidade em todas as etapas do seu ciclo, incluindo o conhecimento da origem genética e o controle de gerações, que assegurem a rastreabilidade do lote, o certificador. O MAPA ou pessoa por este credenciada, é o responsável por verificar a aplicação das regras de certificação estabelecidas pela Legislação de Sementes e Mudas.
As mudas certificadas podem ser reconhecidas através do Certificado que acompanha a nota fiscal de venda.
O lúpulo
O lúpulo é uma planta trepadeira da espécie Humulus lupulus, da família Cannabaceae, que é usada na fabricação de cerveja para dar aroma, sabor e amargor à bebida, além de atuar como conservante natural. O lúpulo também tem propriedades terapêuticas, sendo usado no tratamento de problemas hepáticos e digestivos.
O cultivo de lúpulo no Brasil enfrentava muitos desafios, como a falta de adaptação da planta ao clima tropical, a dificuldade de importação de mudas estrangeiras e a ausência de regulamentação específica para a atividade. Por isso, o trabalho dos viveiros Ninkasi é tão importante e inovador para o setor.
O Viveiro Ninkasi
O Viveiro Ninkasi, fica em Teresópolis, cidade que recebeu o título de Capital Nacional do Lúpulo em 2022, e foi o primeiro a receber a autorização do MAPA para importar mudas comerciais de lúpulo “in vitro” dos Estados Unidos, em 2021, com genética comprovada.
O Viveiro é fruto de um trabalho intenso da pesquisadora e técnica agrícola Teresa Yoshiko, que se apaixonou pelo lúpulo e resolveu testar seu cultivo em Teresópolis. Ela conseguiu resultados surpreendentes, provando que o lúpulo pode crescer no Brasil, mesmo em climas tropicais.
Teresa Yoshiko realiza estudos sobre o cultivo de lúpulo em todo o país desde 2017; no início de 2023, o viveiro montou o primeiro manual de qualidade e enviou para o MAPA.
“A montagem deste manual de qualidade exigiu muita pesquisa e dedicação. Além disso, realizamos frentes de pesquisas com várias instituições na área química desde 2021 para estudar os fins fitoterápicos, várias pesquisas com produtores de norte a sul do país e com entidades de pesquisa, como a Embrapa, Pesagro, Emater Rio e Universidades, onde acolhemos estagiários, tanto no Viveiro, como nos produtores de lúpulos onde prestamos consultorias. Com isso, estamos contribuindo para que a cultura do lúpulo no país cresça de forma idônea e ordenada”, explica Teresa Yoshiko.
Até 2022, o Viveiro Ninkasi tinha a capacidade de 120.000 mudas anuais; em 2023 passou para 1.200.000 mudas anuais, graças a montagem de um Laboratório In Vitro de onde as mudas poderão ser exportadas para vários países. Vale ressaltar que as mudas feitas in vitro são isentas de pragas e doenças.
Trabalho sério e responsável
Hoje o Viveiro Ninkasi oferece 26 variedades de lúpulo para os produtores brasileiros, com mudas criadas com esta tecnologia “in vitro para garantir a saúde e a qualidade das plantas.
A Ninkasi é um exemplo de como o Brasil está se destacando no cenário mundial da cerveja artesanal, com um trabalho sério e responsável que valoriza a agricultura cervejeira nacional.
“O produtor não deve aceitar menos. Ao comprar as mudas de lúpulo, é importante que ele faça isso de viveiros com mudas certificadas. Não vale correr o risco de ser enganado. As mudas de lúpulo são perenes e tem a durabilidade média de 15 anos. O produtor só vai descobrir que comprou gato por lebre quando estiver colhendo”, ressalta Teresa Yoshiko.